A LIBERDADE E O DIREITO À EXPRESSÃO

 
Poucas vezes falou-se tanto em “Liberdade de Expressão” como recentemente, em decorrência do ocorrido no jornal francês, onde vários integrantes foram assassinados por extremistas. Apesar de está longe de ter sido o fato mais grave ou de maior proporção promovido por esses grupos, esse fato precisa servir de reflexão para o mundo inteiro, principalmente sobre a tolerância, a liberdade, o direito e o respeito.
Matar em nome de Deus é uma abominação, palavras do Papa Francisco. Até porque, ninguém mata em nome de Deus, e sim, trazendo para si um direito que só a Deus deveria pertencer. Independente de qual seja o Deus cultuado e de qual seja a religião professada.
Mas também é bom lembrar que liberdade sem limite não é liberdade, é tirania. E que o limite da liberdade precisa ser a liberdade do outro. Inclusive a liberdade de crença religiosa e da forma como a expressa. Ainda segundo as palavras do Papa Francisco,  ninguém tem o direito de atentar contra a vida do outro, assim também como ninguém deveria ter o direito de atentar contra a crença ou a forma de ser do outro, muito menos de cometer violência contra a fé do outro.
A violência é condenável. Toda forma de violência: que seja cometida com metralhadoras, bombas, canetas, tintas, ou qualquer outra forma de intolerância que agrida ao outro.
Cometemos violência contra o outro quando queremos impor sobre o outro a nossa forma de enxergar o mundo e quando não aceitamos desse outro o direito de ter a sua forma de enxergar o mundo. E não precisamos de atos tão extremados para vermos como tantas vezes também cometemos violência contra o outro, na intenção de impor sobre esse outro a nossa forma de enxergar o mundo, que seja na nossa casa, no nosso trabalho, no clube que participamos, no nosso grupo de amigos, etc.
Talvez, um dos poucos caminhos que podem ser buscados, para realmente encontrar uma forma saudável de convivência, não apenas entre os povos e culturas diversas, mas também com todas as pessoas que cruzam o nosso caminho, seja praticar o RESPEITO ao outro. E sobre esse tema vale a pena ler o artigo “O respeito e a crise de valores”.
Um abraço e até a próxima publicação.
Gilson Tavares
Psicanalista Clínico e Especialista em Gestão de Pessoas
 


O RESPEITO E A CRISE DE VALORES

 
Respeito, uma palavra tão usada nos últimos tempos, mas tão pouco praticada. Mas, o que o respeito tem a ver com a crise de valores que vemos tão presente no cotidiano do mundo dito moderno?

Ouvimos com bastante frequência as frases, “eu exijo respeito”, “eu mereço respeito”, “eu tenho direito de ter a minha opinião respeitada”, entre tantas outras inúmeras reivindicações. Podemos observar claramente que em todas essas frases, como em todas as outras que são utilizadas com o mesmo objetivo, sempre a palavra “eu” aparece como o legítimo detentor do respeito ao qual tem direito, em detrimento do “outro”, que também como esse “eu”, tem os seus direitos que deveriam ser respeitados e em detrimento do pensamento coletivo, que é a verdadeira expressão da opinião da sociedade.

É essa supervalorização do “eu”, em detrimento do “outro”, que me dá o direito de parar em fila dupla, para pegar o filho no portão do colégio ou para comprar algo rapidamente em uma farmácia ou quiosque, mesmo que se forme uma fila de “outros” que tentam seguir o seu caminho; me dá o direito de taxar o “outro” de ignorante, por não ter as mesmas opiniões políticas, religiosas ou ideológicas que “eu”; me dá o direito de rotular o “outro” de retrógrado, por não ter os mesmos costumes que “eu” ; me dá o direito de chamar o “outro” de alienado, por não ter as mesmas crenças que “eu”.

Criamos tantas Leis, e tantas outras são criadas à cada dia, na tentativa de tornar mais tranquila e saudável a convivência entre as pessoas. Leis que fracassam já na sua criação, por serem a expressão da opinião de alguns “eus”, sem levar em consideração a opinião de tantos “outros”. Quando, e tomara que um dia isso aconteça, percebermos que nos construímos na relação com o “outro”, como já dizia Vigostky, grande pensador russo do início do século passado, iremos perceber também que o “RESPEITO” é a base de qualquer relacionamento saudável.

E é por não termos o “RESPEITO” ao “outro” como o alicerce das nossas ações, que vemos tantas mazelas na sociedade: das brigas de vizinhos, por um incômodo causado por um som alto; uma briga de trânsito, pelo desrespeito ás Leis que tentam levar alguma segurança às ruas e estradas, passando pelas pequenas fraudes que burlam o direito das pessoas até chegar às altas esferas políticas e até ao desrespeito e desvalorização à vida.


Muitas vezes, com o discurso de estarmos exigindo do OUTRO o RESPEITO à nossa opinião, crença ou estilo de vida, somos capazes de atos que agridem a opinião, a crença e o estilo de vida do OUTRO, esquecidos que o RESPEITO não é algo que se impõe e exige, mas que se conquista. Esquecemos também que, talvez, sejamos o mais errado quando queremos impor a nossa verdade ao OUTRO, em detrimento da verdade do OUTRO. Talvez, sejamos mais radicais e intransigentes do que o OUTRO, quando, em nome da nossa verdade, negamos a liberdade do OUTRO de ter a sua verdade.
 
Por não termos o “RESPEITO” ao “outro” presente em nossas ações, também nos tornamos incapazes de praticar outra palavra de igual importância, a GENTILEZA. A falta de RESPEITO ao “outro” e a falta de GENTILEZA na relação com o outro, isso nas mais diversas circunstancias, faz com que seja uma prática normal o motorista que não respeita o pedestre na sua faixa, por sua vez, também o pedestre, que disputa com os veículos, fora da faixa apropriada ou não aguardando o sinal verde para travessia do pedestre; a prática de atitudes que degradam o meio ambiente e os recursos naturais e escassos; o total descaso com o “outro” em filas de atendimentos clínicos e hospitalares, quando as pessoas estão mais fragilizadas e precisando de atenção -  e não estou falando do atendimento apenas no sistema público - nos sistemas privados e atendimentos em planos de saúde também é uma prática comum a falta de RESPEITO e de GENTILEZA para com o “outro” que precisa desses serviços.

E quando alguma coisa pode mudar?

Talvez, um dos caminhos para que isso aconteça, seja quando aprendermos a praticar outra palavra, a EMPATIA. A EMPATIA é a capacidade de se colocar no lugar do “outro”, de perceber a necessidade do “outro”, de perceber a dor do “outro”. Não é necessário sentir a dor do “outro” ou a necessidade do “outro”, basta perceber essa dor ou essa necessidade, e isso só acontece quando buscamos aprender outra palavra chamada COMPREENSÃO. A COMPREENSÃO do “outro”, das necessidades do “outro” e das opiniões e convicções do outro, talvez seja um dos melhores caminhos para a construção de relações mais saudáveis com esse “outro”.

Temos falado tanto na importância do desenvolvimento e prática da Inteligência Emocional / Competência Emocional, traduzidos na busca de atitudes equilibradas e é preciso saber que a essência dessa busca é exatamente a capacidade de compreensão de si mesmo, do “outro” e a construção de relações interpessoais equilibradas.

Você deve ter notado nesse texto que o “outro” foi colocado como o centro da atenção, inclusive sempre escrito entre aspas. Isso para que possamos começar a mudar o nosso olhar, tão acostumado e até incentivado de tantas formas, principalmente pelas mídias que invadem as nossas casas, a olhar apenas para o “MEU”, e possamos aprender a mudar o olhar para enxergar o “EU”, o ”‘OUTRO” e possamos buscar formas de enxergar o “NÓS”. Afinal, ao mesmo tempo que todos que não são “eu” é o meu “outro”, “eu” sou o “outro” do “outro”.
Gilson Tavares
Psicanalista Clínico e Especialista em Gestão de Pessoas
 


Depressão, Euforia e Mudança de Atitude!


Chegado o final de ano, e já tendo também passado o natural sentimento de depressão, provocado pela inevitável autoavaliação, em relação aos sonhos e desejos que foram prometidos no início do ano, e que não foram realizados, chega o sentimento de euforia, com a nova oportunidade de realizar os sonhos pendentes no novo ano que se inicia.

Realmente, o início do novo ciclo no calendário deve ser visto como uma nova chance de procurar realizar o que não foi realizado nos anos anteriores, mas, se não for somado à euforia o desejo de mudança, juntamente com a mudança de atitudes, fatalmente, teremos no final do ano mais um resultado insatisfatório.

Início de ano é um momento propício para fazer o planejamento das realizações que gostaríamos de concretizar, porém, precisamos tomar algumas medidas ao fazermos esse planejamento:

Traçar metas e objetivos realizáveis, dentro da nossa realidade e possibilidade deve ser primordial, pois, se assim não for, com certeza, colheremos frustrações pelas não realizações, o que abalará todos os esforços a crença em nós mesmos;

Sair do plano da euforia e passar para a análise dos passos necessários à realização do desejado também é primordial, pois, pulando essa etapa, corre-se o risco de ficar andando em círculos, com ações que não tenham compromisso com a continuidade do que se pretende realizar;

Avaliar as dificuldades que irá encontrar ao longo do caminho também deve ser considerado, pois, não existe caminho sem pedras, e, se não for planejado a forma de lidar com elas quando surgirem, certamente elas porão um fim ao caminho desejado.
Planejar as realizações que gostaríamos de concretizar sem fazer uma análise das razões pelas quais não realizamos o planejado anteriormente é o primeiro passo para, mais uma vez, não chegar a lugar nenhum. É importante identificarmos quais os fatores que nos impediram de avançar nas nossas metas, para podermos buscar estratégias de superação desses fatores. Como também é mais importante ainda fazermos uma autoanálise, para identificarmos as nossas próprias limitações, e assim, podermos buscar caminhos que possam contribuir para o crescimento pessoal e, sobretudo, para a superação das limitações que têm travado a busca da realização pessoal e também profissional.
Quaisquer que sejam as nossas metas e os nossos objetivos, passam, invariavelmente, pelo caminho do autoconhecimento, da compreensão dos próprios pensamentos, sentimentos e emoções, pois, são eles que determinam as nossas ações, e, se queremos obter resultados mais positivos, só podemos alcançá-los com mudanças de atitudes, e essas, as atitudes, só terão alguma mudança a mudança primeira da visão que temos de nós mesmos, do mundo ao nosso redor e das nossas potencialidades.
Esperamos que as oportunidades ideais apareçam, mas, se ficarmos apenas esperando, talvez, elas nunca apareceram. Até porque, não são as oportunidades que fazem a diferença, e sim, a nossa visão e atitude diante das oportunidades surgidas.
Abrace o novo ano que se inicia com otimismo, pé no chão e crença nas suas próprias capacidades e construa o seu caminho e a sua história.
Um ano novo cheio de realizações e até a próxima publicação.
Gilson Tavares
Psicanalista Clínico e Especialista em Gestão de Pessoas